domingo, 15 de junho de 2025

Diário das Pequenas Coisas

Outro dia me dei conta de que as coisas mais importantes da vida raramente fazem barulho. Elas chegam de mansinho, sem avisar, e se instalam na nossa rotina como quem não quer nada — mas transformam tudo.


Uma xícara de café que acalma uma manhã ansiosa.

Uma mensagem inesperada dizendo “senti sua falta”.

A luz do sol atravessando a janela no fim da tarde e fazendo desenhos no chão da sala.

Um silêncio compartilhado que, em vez de constranger, conforta.


Essas pequenas coisas não estampam manchetes, não viram post viral, não entram na agenda. Mas, quando somadas, sustentam nossos dias como alicerces invisíveis.


Eu passei a registrá-las, como quem constrói um mapa do essencial. Não em grandes textos ou relatórios, mas em um caderno antigo, de capa gasta, que apelidei de Diário das Pequenas Coisas. Nele, escrevo momentos que poderiam facilmente passar despercebidos — e é justamente por isso que não quero esquecê-los.


Como aquele dia em que um desconhecido segurou a porta do elevador e me deu um sorriso tímido.

Ou quando vi um casal de idosos andando de mãos dadas no parque.

Ou ainda aquela noite em que o mundo parecia pesado demais, mas um verso de um livro qualquer me salvou por dentro.


A gente costuma acreditar que a vida se move apenas em grandes acontecimentos. Mas não. A vida é costurada no intervalo.

É no gesto breve, no olhar atento, no abraço rápido, na risada solta.

É naquilo que ninguém vê — mas que, se faltar, tudo desanda.


O Diário das Pequenas Coisas não precisa ser um caderno físico. Ele pode ser um pensamento que você guarda, uma memória que não larga, uma sensação boa que visita de vez em quando.

Mas o importante é lembrar: enquanto esperamos grandes reviravoltas, o milagre da vida continua acontecendo nos detalhes.

Ali, quietinho, onde ninguém filma.


No fim das contas, talvez a verdadeira riqueza esteja em quem sabe prestar atenção.

Porque quem enxerga beleza no pequeno, aprende a viver grande.

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