Vivemos como quem senta numa sala de espera — sempre aguardando que alguma coisa finalmente comece.
Esperamos o emprego ideal.
Esperamos o momento certo.
Esperamos ter mais dinheiro, mais coragem, mais tempo.
Esperamos as férias. O amor. A resposta. O sinal verde.
Enquanto isso, a vida…
Essa teimosa que não espera ninguém, passa pela janela, assovia uma música leve e segue seu caminho sem olhar pra trás.
Sêneca, com sua sabedoria afiada, já nos alertava: “O maior impedimento para viver é a espera.”
E ele não falava só dos planos grandiosos, das metas ambiciosas, dos sonhos a longo prazo.
Ele falava do café que você deixa esfriar porque está ocupado demais com a notificação no celular.
Da conversa que você adia com alguém importante porque acha que terá tempo depois.
Do pôr do sol que você ignora enquanto corre para algum lugar que, no fundo, nem sabe se faz sentido.
A espera é uma espécie de anestesia da alma.
Ficamos dormentes diante da promessa do “depois”.
Mas a verdade é que o depois é uma ilusão delicada — ele nunca chega do jeito que imaginamos.
E o hoje… bem, o hoje é um presente que escorre pelas mãos enquanto olhamos para o relógio.
A vida não nos manda convites formais.
Ela chega sem anúncio, senta ao nosso lado, cruza as pernas e pergunta:
— Você vai viver ou vai continuar esperando?
A resposta, só a gente pode dar.
Mas que não seja tarde demais.
Porque, no fim das contas, talvez viver seja isso: aceitar que o agora é tudo o que temos e que, se adiamos demais, o que sobra da vida são reticências sem história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário