Era um daqueles dias em que o céu parece indeciso — um pouco de sol, um pouco de vento, nuvens correndo feito pensamentos. No banco da praça, ela lia. Sempre estava lendo. Cada semana, um livro diferente. Mas aquele parecia especial: capa envelhecida, páginas marcadas, anotações nas bordas.
Um rapaz se aproximou, curioso. Sentou-se com respeito, mantendo a distância que só os leitores conhecem.
— Gosta de finais felizes? — ele perguntou, sorrindo.
Ela fechou o livro devagar.
— Gosto de finais abertos. Eles deixam espaço pra recomeços.
Conversaram sobre autores, histórias, frases que nunca saem da cabeça. E, sem perceberem, o tempo passou como um parágrafo lido depressa demais.
Quando ela foi embora, esqueceu o livro no banco. O rapaz o encontrou e abriu na última página. Estava em branco, exceto por uma frase escrita à mão:
“Se você achou esse livro, talvez seja você quem vai escrever o fim.”
Naquela tarde, o banco da praça ganhou não só mais uma história, mas uma promessa de continuação. Porque às vezes, o final de um é só o começo de outro.
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