domingo, 1 de junho de 2025

Um Banco na Praça

Muitas histórias. Um só lugar. E infinitas razões para sentar, observar e viver.

Todo mundo tem um lugar no mundo onde o tempo parece andar diferente. Para alguns, é a janela do quarto em dias de chuva. Para outros, é a beira do mar. Para mim – e talvez para muita gente – é um banco na praça.

Pode ser uma praça movimentada, com crianças correndo, vendedores de pipoca, casais de mãos dadas. Ou uma praça silenciosa, daquelas esquecidas no mapa, onde só o vento se lembra de passar. O banco, ali, imóvel, parece esperar por histórias. E todas as que se sentam nele acabam, de algum jeito, deixando um pedaço da sua.

Já reparou quantas vidas cabem num banco de praça?

Tem o idoso que vai ali todos os dias para lembrar da esposa que partiu. O estudante que mata um tempo entre uma aula e outra. O casal que ensaia um futuro. A mãe cansada que para só por um minuto enquanto a criança brinca. O solitário que escapa da solidão por alguns instantes, na companhia dos passarinhos e do silêncio.

O banco é testemunha. Ouve confissões ditas ao vento, lágrimas discretas, gargalhadas que explodem sem motivo. É lugar de começo e de fim. De encontros que marcam e de despedidas que não doem menos só por serem ao ar livre.

Sentar num banco da praça é também um ato de pausa. E pausar, nos dias de hoje, é quase um ato revolucionário. É quando a gente se permite parar para pensar, sentir, observar o mundo. Olhar as pessoas e lembrar que cada uma delas carrega um universo próprio de sonhos, perdas, alegrias e dúvidas.

Talvez o mundo precise de mais bancos — não de madeira ou cimento — mas de espaços onde possamos existir sem pressa. Onde possamos simplesmente ser.

Da próxima vez que passar por um banco vazio numa praça, experimente sentar. Não para esperar alguém. Mas para se encontrar. Com você, com o tempo, com tudo o que você tem deixado para depois.

No fim, um banco na praça pode ser só isso: um banco na praça. Mas, às vezes, é tudo o que a gente precisa para lembrar quem somos, ou para encontrar a coragem de seguir em frente.

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