A gente carrega tanto. Carrega pensamentos que não nos pertencem, preocupações que não podemos resolver, dores que são só projeções do que talvez nunca aconteça. E, nesse peso todo, esquecemos que há coisas que simplesmente… não estão nas nossas mãos.
Mas insistimos. Tentamos controlar o que o outro sente, o que o outro faz, o que o outro escolhe. Tentamos prever o futuro, evitar o inevitável, domar o imprevisível. É como querer segurar o vento com as mãos ou aprisionar o tempo dentro de um relógio sem ponteiros.
Epicteto — esse velho sábio estoico — já dizia que a felicidade mora justamente no ato de soltar. De entender, com uma sinceridade que às vezes dói, que nem tudo cabe em nossas escolhas. O que foge do nosso controle não deveria ocupar nossa alma.
Mas não é simples. A mente inquieta pergunta: “E se der errado?”, “E se me deixarem?”, “E se eu falhar?”. E a vida, pacientemente, responde: “E se você simplesmente viver o que está nas suas mãos?”.
Há uma liberdade silenciosa que nasce quando aceitamos isso. Quando paramos de remar contra correntes que nunca foram nossas e começamos a navegar nas águas que podemos, sim, conduzir.
A vida não exige controle. Ela pede presença. E, no fim, talvez seja isso que define felicidade: saber a diferença entre o que posso mudar… e aquilo que, com toda coragem, preciso deixar ir.
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