domingo, 15 de junho de 2025

Três Lugares, Três Lições

Quer conhecer o significado da vida?

Vá a três lugares: um hospital, um cemitério e uma prisão.


Não é preciso ir com pressa. Nem com medo.

Mas vá com o coração aberto — disposto a escutar o que a vida só sussurra quando a gente se aproxima do essencial.


No hospital, a lição vem com cheiro de álcool, passos apressados e olhos cansados.

Ali, o tempo muda de nome.

Minutos viram eternidades.

E aquilo que antes parecia pequeno — como respirar fundo, segurar uma mão, ouvir a voz de quem se ama — se transforma em milagre.

No hospital, aprendemos que a vida não se mede em anos, mas em presença.

Ali, tudo o que é vaidade desbota.

Sobra só o que importa: saúde, afeto e fé.


No cemitério, o silêncio fala.

Entre lápides e flores murchas, a gente entende que ninguém parte levando o que tem, mas apenas o que foi.

Ali, títulos não fazem diferença. Aparências perdem o sentido.

Restam os nomes, as datas e as lembranças que cada um deixou.

O cemitério não ensina a morrer. Ensina a viver melhor.

A lembrar que o tempo não volta, e que amar hoje vale mais do que prometer para depois.


Na prisão, a liberdade vira ausência.

As grades revelam o peso das escolhas, dos erros, das dores acumuladas.

Mas ali também existe gente.

Gente que errou. Que sonha. Que carrega histórias atravessadas por ausências, fome e abandono.

Na prisão, entendemos que justiça não é só punição.

É também reflexão, reparo, recomeço.

E que ninguém nasce para estar ali — mas muitos chegam porque a vida lhes negou oportunidades muito antes da primeira queda.


Esses três lugares não são pontos turísticos.

São espelhos.

Refletem tudo o que tentamos esconder na correria dos dias: nossa fragilidade, nossa finitude, nossa responsabilidade com o outro.


Mário Sérgio Cortella nos convida a esses lugares não pelo choque, mas pela lucidez.

Porque quem visita o hospital passa a valorizar a saúde.

Quem pisa no cemitério aprende a não desperdiçar o tempo.

E quem olha a prisão com humanidade entende que viver é também oferecer ao outro a chance de mudar.


No fim, o verdadeiro significado da vida talvez não esteja em conquistar tudo, mas em cuidar do que temos, amar quem caminha ao nosso lado e aprender — sempre — a sermos melhores.

Nenhum comentário: