Que todos nós sejamos curados. Cada um, onde mais precisa.
Pode parecer um desejo simples, quase automático, desses que se dizem por hábito. Mas há uma profundidade imensa nessa frase. Porque cada pessoa carrega dores que não se veem. E nem sempre o que dói é o que aparece.
Há quem precise de cura no corpo — e sente a dor latejando nas juntas, nos ossos, nas doenças que insistem em voltar. Mas há quem precise de cura na alma — e vive sorrindo com os lábios, mas chorando com o coração. Há quem precise curar mágoas antigas, palavras mal ditas, afetos interrompidos, ausências que nunca se explicaram.
Tem gente ferida pelo que não aconteceu. Outras, pelo que aconteceu demais. Tem quem precise se curar da culpa. Tem quem precise perdoar. Tem quem só precise de silêncio, de um colo, de uma resposta. E tem quem precise, apenas, ser visto.
Por isso, que todos nós sejamos curados. Sem pressa. Sem comparação. Cada qual no tempo certo, no lugar certo, com a dose certa de ternura e coragem.
Talvez a maior cura seja essa: aprender a viver mesmo com algumas feridas abertas, sabendo que não estamos sozinhos. Que outros também sangram, também resistem, também esperam a cura em silêncio.
E que, de alguma forma, quando desejamos sinceramente que o outro se cure — onde mais precisa —, algo dentro da gente também começa a sarar. Porque curar-se, no fundo, é esse gesto invisível de continuar amando, mesmo machucado. E acreditar, com fé mansa, que a dor de hoje não é o fim da história. É só uma página.
E ainda vem cura por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário